Ele vai adiante de você
A Bíblia nos diz, em 1 Coríntios 10.11:
Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado. (1 Co 10.11)
Todos os eventos do Antigo Testamento são “tipos”. Um “tipo” é uma espécie de auxílio visual, uma ilustração para aprender algo de Deus.
Há dois eventos na história de Israel que são tipos ou ilustrações da nossa experiência: a passagem pelo mar e a travessia do Rio Jordão. O batismo nas águas é Israel no Mar Vermelho. Deus abriu o mar, e esta é uma figura da morte de Cristo na cruz.
Os israelitas viram seus inimigos (que são a carne, o diabo e o mundo) perseguindo-os do lado egípcio do Mar Vermelho. Os egípcios estavam vivos, então as inclinações carnais pareciam vivas. Mas, então, Deus abriu o mar (esta é uma figura da cruz) e os israelitas passaram pela morte, por assim dizer, e caminharam em terra seca.
O Senhor Jesus passou pela morte por nós.
Já morremos n’Ele para o nosso pecado. Nossa parte é apenas crer.
Deus abriu o Mar Vermelho e os israelitas o atravessaram em terra seca. Depois, Deus fechou o mar novamente para os inimigos que os perseguiam, e os israelitas viram o corpo deles do outro lado da praia.
Leia Êxodo 14.16-22 e 30.
Deus realmente queria que os israelitas vissem que os inimigos que eles temiam (os pecados que você teme em sua vida) estavam mortos e enterrados.
Ver os inimigos mortos era a única coisa que poderia dar segurança a Israel. O povo havia sido salvo pelo sangue do cordeiro pascal alguns dias antes, mas agora eles ainda estavam com medo de seus inimigos.
Mas, do outro lado do Mar Vermelho, seu medo desapareceu, e é aqui que nós também estamos quando vemos que nosso velho homem está morto. Nossa carne não pode se levantar contra nós porque está morta. Estamos do outro lado da cruz de Jesus Cristo, e todos os nossos pecados já morreram!
O Mar Vermelho e o Rio Jordão
O segundo evento semelhante a esse é a travessia do Rio Jordão. Deus nunca pretendeu que os israelitas vagassem pelo deserto, mas Ele queria que eles entrassem rapidamente em Canaã, porém, devido à incredulidade, eles não o fizeram.
Os israelitas saíram do Egito graças ao sangue do cordeiro, atravessaram o Mar Vermelho e chegaram ao outro lado.
Iniciaram, então, a sua jornada no deserto, e Deus queria que eles entrassem rapidamente na terra de Canaã, a terra que mana leite e mel, mas levou quarenta anos de peregrinação. Por que isso aconteceu? A Bíblia nos diz que foi por uma única razão: incredulidade.
Vamos ler em Hebreus.
Leia Hebreus 3.19
As duas travessias dos israelitas foram a travessia do Mar Vermelho e a travessia do Rio Jordão. O Mar Vermelho é um tipo de Romanos 6, estar morto para o pecado, e a passagem pelo Jordão, um tipo de Romanos 7, e aqui fala da libertação da lei. Por que digo que essa travessia é uma figura de Romanos 7, ou seja, do crente que morreu para a lei?
Romanos 6, representado pela travessia do Mar Vermelho, fala sobre estar morto para o pecado. Por causa da diferença entre uma travessia e outra. a Arca da Aliança não estava na travessia do Mar Vermelho. Mas a Arca foi à frente na travessia do Rio Jordão.
A Arca da Aliança
Deixe-me falar rapidamente sobre a Arca da Aliança.
A parte superior é chamada de propiciatório. Era feita de ouro maciço moldada a partir de uma única peça de ouro, enquanto a parte inferior era feita de madeira de acácia. A madeira é sempre a figura da humanidade. A Palavra se fez carne e habitou entre nós, cheia de graça e verdade (Jo 1.14).
A madeira de acácia era coberta com ouro para que a madeira não pudesse ser vista, pois o ouro representa a divindade. Então, Jesus é cem por cento humano e cem por cento Deus.
Sobre o propiciatório, o sumo sacerdote de Israel aspergia o sangue do animal sacrificado uma vez por ano, quando ele entrava no Santo dos Santos, onde estava guardada a Arca da Aliança. Em Levítico 16, lemos que o sumo sacerdote aspergia o sangue no propiciatório apenas uma vez, enquanto diante do propiciatório ele o aspergia sete vezes.
O que isso nos diz?
A aspersão feita sete vezes diante do propiciatório indica nossa posição diante de Deus. Sete é o número da perfeição, e hoje temos uma posição perfeita diante do Pai graças ao sangue de Jesus Cristo. Podemos nos aproximar do trono da graça com total confiança. O trono do julgamento tornou-se o trono da graça através do sangue de Jesus.
O que havia dentro da Arca da Aliança?
Havia três objetos que representavam a rebelião do homem contra Deus. Cada um desses três objetos foi dado em três ocasiões diferentes por causa da rebelião do homem.
1. O maná: todos os dias, Deus provia o maná para os filhos de Israel, mas eles se rebelaram murmurando contra o maná.
2. A vara de Arão: durante sua jornada no deserto, murmuraram contra a liderança de Arão, e o que Deus fez? Todos os doze chefes das doze tribos trouxeram suas varas e as deixaram durante a noite no tabernáculo e, no dia seguinte, a vara de Arão havia florescido com brotos e amêndoas maduras. Embora a vara fosse um pedaço de madeira sem vida, ela havia florescido e produzido frutos.
O que isso mostra? A vida ressurreta! Ele é uma figura de nosso Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro Arão, nosso Sumo Sacerdote.
3. As duas tábuas da lei: elas estavam ali para mostrar os padrões de santidade de Deus, requisitos que Deus exigia do homem, mas que o homem não podia cumprir.
Deus mandou colocar esses três itens na Arca da Aliança e então cobri-los com o propiciatório. Observe que eles estavam todos debaixo do propiciatório. O que isso significa? Que o propiciatório, que é a graça, é mais alto do que a lei! A misericórdia é maior que a lei!
De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes. (Gl 5.4)
Numa ocasião, o povo olhou para dentro da Arca e muitos morreram. Isso aconteceu num lugar chamado Bete-semes. Qual é o significado de olhar para dentro da Arca? É olhar para a lei, é querer engrandecer a lei em vez de Jesus e sua obra consumada (1 Sm 6.19).
Paulo diz que os que querem ser justificados pela lei estão separados de Cristo; decaíram da graça.
Isso indica que a graça está em uma posição superior, está acima da lei. Você decai da graça quando peca? Não. Você decai da graça quando tenta ser justificado pela lei! O problema é a justiça própria e o merecimento.
A Arca é uma figura de nosso Senhor Jesus Cristo e por isso é chamada de Arca do Testemunho ou Arca da Aliança do Senhor.
A cobertura da Arca
Na travessia do Rio Jordão, os sacerdotes carregaram a Arca; enquanto, na travessia do Mar Vermelho, a Arca não estava lá. Portanto, não se pode dizer que ambas as experiências aconteceram no Mar Vermelho, isto é, a morte para o pecado e a morte para a lei, porque a lei ainda não havia sido dada. No Rio Jordão, a Arca da Aliança era carregada pelos sacerdotes.
Deus disse a Josué que ordenasse aos sacerdotes que carregassem a Arca nos ombros (uma imagem da exaltação do Senhor Jesus Cristo) e entrassem no Rio Jordão adiante do povo.
Quando a Arca viajava, ela tinha uma cobertura (Nm 4.5-6). Ela era coberta com três tecidos. O primeiro pano era o véu, aquele que se rasgou quando Jesus morreu. A segunda cobertura era de pele de animal marinho. Essas peles são muito fortes e duráveis.
A terceira cobertura era um pano azul, que simboliza o céu. Quando você olha para cima, percebe que Deus cobriu o céu de azul. Por quê? Porque a Arca da Aliança, quando viajava sobre os ombros dos sacerdotes durante a peregrinação no deserto e também ao redor das muralhas de Jericó, estava coberta da cor azul.
Quando a Arca viajava de um lugar para outro, ela não era vista porque estava coberta por aqueles três panos. Tudo o que era visível era a capa externa azul. O que Deus está nos mostrando com isso? Ele está nos dizendo: “Você quer ver a Arca? Olhe além do céu azul! É aí que está o seu verdadeiro eu, porque você está no Cristo ressuscitado!”
Olhe além do azul, pois Jesus está lá, sua justiça está lá, sua santidade está lá, sua sabedoria está lá, sua saúde e cura estão lá! Como Ele é, nós também somos neste mundo!
A passagem pelo Jordão
O Senhor disse que, no momento em que os sacerdotes entrassem no Rio Jordão, o rio se abriria (Js 3.13).
Foi um ato de fé porque os sacerdotes tinham que entrar no rio primeiro. Qual é a figura da Arca ali? É uma figura do Senhor Jesus Cristo, que nos leva a um lugar onde não há mais julgamento.
Na época da travessia o Jordão, transbordava durante a primavera, e a travessia do rio ocorreu justamente nessa época, poucos dias antes da Páscoa judaica.
Leia Josué 3.14-16
Tendo partido o povo das suas tendas, para passar o Jordão, levando os sacerdotes a arca da Aliança diante do povo; e, quando os que levavam a arca chegaram até ao Jordão, e os seus pés se molharam na borda das águas (porque o Jordão transbordava sobre todas as suas ribanceiras, todos os dias da sega), pararam-se as águas que vinham de cima; levantaram-se num montão, mui longe da cidade de Adã, que fica ao lado de Sartã; e as que desciam ao mar da Arabá, que é o mar Salgado, foram de todo cortadas; então, passou o povo defronte de Jericó.
No momento em que os sacerdotes entraram na água carregando a Arca da Aliança (esta é uma figura da morte de Jesus na cruz — morrendo para a lei), o Rio Jordão se dividiu: as águas que desciam do topo foram empurradas para trás cerca de 50 Km, para a cidade de Adã (Adão). Observe o nome Adão, pois tudo começou quando Adão pecou. A morte de Jesus na cruz empurrou todo o julgamento de volta.
Também está escrito que, perto da cidade de Adão, havia outra cidade chamada Sartã, e Sartan em hebraico significa “angústia e aflição”. O julgamento foi feito até Adão. Em outras palavras, não sofremos mais o julgamento que vem do pecado. A maldição da angústia e da aflição cessou. A morte de Jesus não apenas afastou todo o julgamento que veio sobre nós por causa de Adão, mas também todas as angústias.
Todas as suas ansiedades foram empurradas para trás. O que quer que tenha acontecido por causa do pecado de Adão (e sabemos que muitas coisas ruins vieram, como destruição, doenças e até a morte) Jesus julgou por meio de sua morte no Calvário — figura da travessia do Rio Jordão.
Leia Josué 3.17
Porém os sacerdotes que levavam a arca da Aliança do SENHOR pararam firmes no meio do Jordão, e todo o Israel passou a pé enxuto, atravessando o Jordão.
A terra estava seca de um lado até o Mar Morto, do outro lado até a cidade de Adão a Bíblia diz que as águas que desciam do alto pararam e se amontoaram.
Imagine a água sendo conduzida de volta a uma distância de 50 Km, até a cidade de Adão. As águas do rio pararam como uma grande parede.
Siga a Arca
Deus disse aos filhos de Israel que não se aproximassem da Arca, mas olhassem para ela e a seguissem.
Leia Josué 3.4
Contudo, haja a distância de cerca de dois mil côvados entre vós e ela. Não vos chegueis a ela, para que conheçais o caminho pelo qual haveis de ir, visto que, por tal caminho, nunca passastes antes.
“Quando você vir a Arca […]”, em outras palavras: “Quando você vir Jesus […]” (Js 3.3).
Observe que não devemos seguir os sacerdotes que carregam a Arca, mas devemos seguir a Arca! Você não deve ir atrás do pastor ou de qualquer outra pessoa que pregue o evangelho. Não vá atrás dos sacerdotes, mas vá atrás d’Ele, a verdadeira Arca, o próprio Jesus Cristo!
No entanto, tinha de haver uma distância de cerca de dois mil côvados entre a Arca e as pessoas.
Dois mil côvados são cerca de três mil pés (pouco mais de 900 metros) e Deus disse ao povo de Israel que ficasse para trás, não se aproximasse da Arca, mas deixasse ela ir primeiro.
Eu acredito que uma das razões pelas quais Deus disse isso foi para que, quando o Rio Jordão fosse empurrado para trás e os israelitas vissem o rio aberto, eles não pensariam que era por causa deles, mas por causa da Arca.
Todo o povo cruzou o rio
Um a um, todos os israelitas atravessaram o rio a pé enxuto até que todas as tribos cruzaram o Jordão. Você não deve pensar que Canaã é uma figura do céu, pois havia inimigos na terra que os israelitas precisavam desalojar. Mas a diferença entre o Mar Vermelho e o rio Jordão é que o Mar Vermelho foi o começo de sua jornada no deserto, enquanto o Rio Jordão foi o fim de sua jornada no deserto.
Se você entender isso, será também o fim da sua jornada no deserto! A vontade de Deus é que os cristãos passem rapidamente do Egito para Canaã, sem precisar vagar muito tempo no deserto. Infelizmente, devido a ensinos e doutrinas tortas, as pessoas vagueiam e tentam encontrar o seu caminho.
Mas Deus nunca quis que elas vagueassem. Eles vagam na incredulidade.
Outra diferença é que, quando os israelitas saíram do Egito, eles saíram de lá, mas não entraram em lugar nenhum. Na segunda vez, porém, quando cruzaram o Rio Jordão, entraram na terra prometida. Deus não quer apenas tirá-lo do Egito, mas quer introduzir você em Canaã.
A palavra “Egito” em hebraico é mitsrayim, que significa “duplo estresse”, “dupla pressão”. Ele tirou você de um lugar de escravidão e de estresse e o trouxe para um lugar de vida.
Não fique apenas satisfeito por ter sido liberto de algo, mas veja que você foi liberto para chegar a outra coisa. Este é o ensinamento do Rio Jordão.
No Novo Testamento, Deus diz que a terra prometida é o Seu descanso.
O que era uma terra adequada para os israelitas é descanso para nós hoje (Hb 4.1-10).
O princípio de identificação
Assim como Deus nos disse para nos identificarmos com Cristo, que morreu para o pecado (Romanos 6) e depois morreu para a lei (Romanos 7), o mesmo aconteceu quando Josué disse a um homem de cada uma das doze tribos para tirar uma pedra do Rio Jordão.
Deus havia ordenado a Josué que colocasse essas pedras do outro lado do rio como um memorial (Js 4.8).
Josué também mandou colocar doze pedras, tiradas do deserto, no meio do Jordão, onde os sacerdotes estavam parados com a Arca da Aliança (Js 4.9).
Portanto, havia doze pedras tiradas do meio do Rio Jordão que foram colocadas do outro lado do Rio Jordão como um memorial e também doze pedras tiradas do deserto que foram colocadas no meio do rio.
Mas o que representam as doze pedras de um lado e as doze pedras do outro? Trata-se de identificação. As doze pedras representam você e eu, o povo de Deus. Nós entramos na morte, nosso velho homem morreu e nós ressuscitamos em Cristo do outro lado da morte, na terra prometida, em nossa herança em Cristo. E Deus diz:
“Eu quero que você sempre se lembre disso”. Portanto, as doze pedras estão lá como um memorial. Do outro lado, agora somos pessoas ressuscitadas. O memorial significa que agora estamos ressuscitados em Cristo do outro lado da cruz, enquanto nosso velho homem morreu no Rio Jordão, e o julgamento e todas as nossas aflições ficaram para trás.