Os cinco muito mais de Romanos 5

Escrito em 27/05/2024
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Os cinco muito mais de Romanos 5

O nosso Deus é o Deus do muito mais. Ele é o Deus que alimentou a multidão com cinco pães e dois peixinhos, e muito mais, sobraram doze cestos cheios. Ele transformou água em vinho enchendo tantas talhas que não conseguiriam beber todo o vinho. É o Deus da pescaria que pegou tanto peixe que quase afundou os barcos.

Ele é o Deus que nos dá um cálice que transborda. Deus não nos dá apenas o suficiente, mas muito mais. Ele é o Deus da boa medida, recalcada e transbordante. Ele é o Deus que nos dá muito mais do que tudo quanto pensamos ou imaginamos. Ele não nos responde somente naquilo que pedimos, mas excede em muito mais.

Quanto mais conhecemos o Senhor, quanto mais entendemos o que a Escritura diz a respeito d’Ele, mais seremos capazes de receber.

O Senhor nos abençoa como uma inundação; se o canal é estreito e pequeno, isso limita o que vamos receber. Libere o canal da sua fé e deixe o reservatório das bênçãos inundar você. Aumente a sua consciência da presença do Pai e do Senhor Jesus Cristo.

Existem cinco “muito mais” no capítulo 5 de Romanos. Vamos ver cada uma deles.

Primeiro “muito mais”

Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. (Rm 5.8-9, grifo nosso)

Quando Cristo morreu por nós? Quando ainda éramos pecadores. Alguns pensam que o Senhor morreu pelas pessoas boas, mas não havia nenhuma boa pessoa quando Cristo morreu. O nosso Deus demonstrou o seu amor por nós e Ele fez isso quando ainda éramos pecadores.

O primeiro “muito mais” diz que fomos justificados pelo seu sangue.

Você recebeu mais do que perdão dos pecados, você foi justificado. Você não foi justificado pelas suas boas obras, ou obediência, mas pelo sangue de Jesus. Muito mais agora, seremos salvos da ira. Isso nos mostra algumas verdades.

A primeira é que não fomos salvos do inferno ou do diabo, fomos salvos do próprio Deus.

Sendo Deus o juiz justo, sua ira terá de ser derramada; mas, sendo Ele tão amoroso, providenciou um meio de sermos salvos da ira que há de vir. A segunda coisa é que um crente jamais pode ficar debaixo da ira de Deus. Não tenha medo daqueles que o ameaçam com a ira de Deus. Se você é salvo, você não pode mais sofrer a ira de Deus.

Toda a ira de Deus que deveria vir sobre nós por causa dos nossos pecados recaiu sobre o Senhor Jesus na cruz. Mas o Seu sacrifício na cruz pagou para Deus muito mais do que aquilo que o pecado de Adão havia produzido. O Sacrifício foi maior que o nosso pecado. Deus é mais glorificado na obra da redenção do que na obra da criação. Na criação, Deus descansou; mas com a queda do homem, Deus teve de trabalhar.

Entretanto, na obra de redenção de Cristo, Deus descansou para sempre por uma única oferta. Hoje, como recipientes da obra de Cristo na cruz, nós estamos numa posição muito melhor do que a de Adão antes de pecar. Nós estamos assentados com Cristo nos lugares celestiais, algo que Adão nunca teve. Temos a vida de Deus dentro de nós, algo que Adão nunca recebeu.

O que Cristo fez é muito maior do que a perda de Adão por causa do pecado. O Senhor não apenas restituiu o que Adão perdeu, Ele nos deu muito mais.

Segundo “muito mais”

Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. (Rm 5.10, grifo nosso)

Deus enviou o seu Filho para morrer pelos seus inimigos. Todos nós éramos inimigos de Deus. A Bíblia nunca fala de Deus ser reconciliado conosco, mas fala de o homem ser reconciliado com Deus. Uma vez que fomos reconciliados, muito mais agora que fomos reconciliados, seremos salvos pela sua vida.

Uma vez reconciliados com Deus, não podemos mais nos tornar seus inimigos.

Todos os dias, somos salvos pela sua vida, que é residente em nós. E essa vida dentro de nós é indestrutível, imortal e eterna, porque é a vida com a qual o próprio Deus vive.

É uma graça desproporcional, nós recebemos muito mais do que aquilo que foi perdido por causa do pecado.

Terceiro “muito mais”

Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos. (Rm 5.15, grifo nosso)

Pela ofensa de um só, ou seja, Adão, muitos morreram. A palavra “muitos” aqui também significa “todos”.

O pecado de Adão atingiu a todos os homens. Mas agora a graça de Deus será muito mais abundante sobre aqueles que crerem. Isso significa que o poder da graça é muito maior do que o poder do pecado. Muitos gostam de dizer que a pregação da graça produz licenciosidade, mas isso é falso. Segundo a Palavra de Deus, a força do pecado é a lei (1 Co 15.56).

E Romanos 6.14 diz que “o pecado não terá domínio sobre nós; porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça.

Quarto “muito mais”

Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. (Rm 5.17, grifo nosso)

Pela ofensa ou o pecado de um só homem, Adão, a morte reinou. A morte veio por causa do pecado de Adão. Mas muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom justiça reinarão em vida. Isso é algo contínuo em nossa vida. Todos os dias, recebemos abundância da graça para reinar em vida pelo dom da justiça. A Palavra de Deus diz claramente que a justiça é um dom.

Não tem nada a ver com o nosso bom comportamento, é algo que recebemos de graça por meio de Cristo. Infelizmente, há muitos crentes que vivem em depressão, angústia, opressão maligna, sem alívio ou descanso porque, em vez de receberem a abundância da graça quando falham, em vez de crerem no dom da justiça, eles tentam, por meio do seu esforço próprio, merecer a bênção de Deus.

Quanto mais agem assim, mas sofrem debaixo da condenação do diabo. Justificação em grego significa ser livre de toda culpa. O que recebemos é o dom da libertação de toda culpa. O problema é que, quando caímos em algum pecado, imediatamente recebemos condenação do diabo.

Vivendo debaixo de condenação, não temos como reinar em vida por não estarmos na base do dom da justiça. Entretanto, para reinar em vida, precisamos crer que fomos livres de toda culpa e agora somos justos diante de Deus.

A justiça é um dom, mas alguns crentes, quando pecam, presumem que precisam de três dias, uma semana ou meses para voltar a ter paz com Deus. Essa é uma forma sutil de justiça própria. Então, o que fazer quando pecar?

Reconheça o seu pecado e declare que você já foi perdoado pelo sangue e agora sua justiça permanece. É assim que você reina em vida. Essa promessa de reinar em vida é para aqueles que falham, não é para os que nunca falham, até porque tais pessoas não existem. O dia da falha, da queda, é o dia de reinar em vida pelo dom da justiça. A justiça é um dom, um presente, não é algo que adquirimos por meio de nossos méritos, mas recebemos unicamente pela fé.

Suponha que eu lhe dê um presente. Esse presente foi pago por mim, não foi barato, é muito valioso. O que se espera de você é que apenas receba. Tentar pagar pelo presente é um insulto. Rejeitar um presente tão valioso é um insulto maior ainda. Apenas seja grato e receba. Do meu lado, eu ficarei extremamente alegre por você receber o presente.

O que agrada a Deus é quando Ele faz tudo e você apenas diz: “Obrigado”.

O ensino comum é que existe uma parte do homem e outra de Deus. Mas a parte de Deus é fazer todas as coisas, e a parte do homem é receber tudo que o Senhor fez. Esse é o evangelho, é uma questão de receber de Deus, e não de fazer para Deus.

É um grande insulto quando dizem que pregamos uma graça barata.

É de graça para nós, mas custou tudo para o Pai. Ele entregou o seu próprio Filho. Ele não entregou um anjo, mas o seu único Filho. Não há nada barato sobre o sangue do Filho de Deus. Portanto, quando você fala de graça barata, tenha muito cuidado, porque estará muito perto de falar uma blasfêmia.

Quinto “muito mais”

A lei veio para aumentar o mal. Mas, onde aumentou o pecado, a graça de Deus aumentou muito mais ainda. (Rm 5.20, NTLH, grifo nosso)

Temos maior confiança na graça de Deus do que no poder do pecado, pois onde abundou o pecado a graça de Deus aumentou muito mais ainda. Esse é o quinto “muito mais”. É exatamente isso o que Paulo está dizendo:

“Onde abundou o pecado, a graça de Deus aumentou muito mais, ou seja, superabundou. A lei veio para mostrar a ofensa. Em Romanos 3.20, lemos que, pela lei, vem o pleno conhecimento do pecado. A lei nunca foi dada para nos justificar. Ninguém será justificado por obras da lei.

Imagina que você tem uma empregada na sua casa muito estabanada.

Enquanto ela está quieta, tudo está bem, mas, no momento em que você demanda algo dela, imediatamente sua incapacidade aparece.

Sua ordem não produziu o problema, apenas mostrou que ele estava lá. O que a lei faz é expor sua pecaminosidade para si mesmo e livrá-lo da justiça própria, de modo que você possa entender a graça de Deus.

Muitos se acham pessoas morais e boas, mas há pecadores morais e imorais. O Senhor Jesus nasceu sem pecado para trazer o homem ao fim de si mesmo, a fim de que nenhuma carne se glorie diante de Deus. O alvo da lei é nos mostrar a nossa necessidade de um salvador. Por exemplo, é possível cumprir o mandamento de não adulterar, e mesmo assim não amar a esposa.

O que a graça faz é mudar o seu coração. Muitos têm medo dessa liberdade de fazer o que pede o coração, mas não deveríamos ter nenhum receio, porque recebemos um novo coração com novos desejos. Quando você entende tudo o que o Senhor fez por você quando você ainda era inimigo d’Ele, você se apaixona pelo Senhor. Aquele que é muito, esse ama mais. E o amor é o cumprimento de toda a lei.

Mas os que vivem pela lei não se relacionam com Deus por amor, mas por merecimento. Aquele que compreende a graça se torna cheio de amor, mas todo legalista é irado e cheio de indignação com todos. São rápidos para julgar e condenar.

Para compreendermos claramente o verso 20, primeiro temos de ter clareza do que Paulo expõe sobre o nosso pecado em Romanos 5:19

Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos. (Rm 5.19). Nós não nos tornamos pecadores no dia em que pecamos pela primeira vez. Nós somos pecadores porque herdamos o pecado de Adão.

Por causa da desobediência de um, todos se tornaram pecadores.

Não parece justo que todos soframos por causa de um, mas Deus mostra a sua graça dizendo que, por causa da obediência de um único homem, Jesus, nós nos tornamos justos. Tudo depende do seu representante. Não somos pecadores por causa dos nossos pecados, e também não somos justos por causa da nossa própria obediência.

Mas a obra de Cristo é muito maior do que a obra de Adão. Um pecador lá fora não pode se tornar justo fazendo coisas boas e certas. O seu bom comportamento não tem o poder de fazê-lo justo, ou seja, a obra de Adão é tão forte que não pode ser removida por nenhuma obra humana. No entanto, quando aplicamos a verdade ao crente, muitos ficam revoltados.

Mas a verdade é que eu não me tornei justo por causa da minha obediência, e sim por causa da obediência de Cristo. Então, quando peco, eu não perco a minha justiça, porque o que eu faço, não tem o poder de alterar o que Cristo fez. Nunca considere o poder da obra de Cristo menor do que a obra da queda de Adão. Fazendo essa comparação, nem falamos no “muito mais”, estamos colocando as duas obras como tendo o mesmo poder.

O pecador não pode desfazer sua escravidão ao pecado, e o você salvo, não pode desfazer a sua escravidão para a justiça.

A verdade é que a obra de Cristo é muito mais poderosa. O Senhor Jesus veio, morreu na cruz e ressuscitou. Ele agora está glorificado, sentado à destra de Deus Pai, intercedendo por nós. Ele vive para interceder por nós como nosso sumo sacerdote.

Se Ele é por nós, quem será contra nós? O Senhor nunca teria ressuscitado se os nossos pecados não tivessem sido perdoados. Ele se identificou de tal maneira com o nosso pecado que não teria ressuscitado se não fosse justificado na sua morte. Se Cristo foi declarado justo na ressurreição, nós também somos justos. Quando Ele ressuscitou, nós ressuscitamos também.

Na cruz, Deus cravou a lei na forma de ordenanças porque nos era prejudicial. Não podemos mais ser condenados, porque a lei passou para nós, morremos para ela. Nunca mais precisaremos viver como se estivéssemos distantes da sua presença por causa dos nossos erros. O sistema da lei é este: faça o bem e será abençoado, faça o mal e sofrerá a maldição. Mas nós fomos libertos desse sistema.

Hoje, somos abençoados independentemente de nossas obras. O Senhor se fez maldição por nós. Então, quando agimos certo ou agimos errado, continuamos abençoados porque fomos libertos da maldição. Nós somos livres. O evangelho são as boas novas da liberdade para você fazer tudo aquilo que o seu novo coração deseja. O que você deseja?

Eu posso dizer que desejo servir ao Senhor, não porque sou obrigado, mas porque o meu coração deseja. O Senhor só aceita servos que o servem espontaneamente por amor com alegria.